REDESCOBRINDO NOVOS ROTEIROS TURÍSTICOS NA ILHA DE SÃO LUÍS ATRAVÉS DO OLHAR DA COMUNIDADE LOCAL
Dorilene Sousa Santos
Conceição de Maria Belfort de Carvalho
INTRODUÇÃO
A cidade de São Luís é conhecida pelo seu acervo arquitetônico titulado como patrimônio cultural da humanidade desde 1997. Somando-se a essa honraria tem-se uma diversidade cultural imaterial aliada a uma grande extensão de praias e manguezais. Em um destino com um setor turístico em desenvolvimento como São Luís, faz-se cada vez mais necessário novas alternativas de locais para visitação, com intuito de fomentar o turismo no local e não saturar ou massificar os pontos turísticos já existentes, que concentram-se sobretudo na região do centro histórico e em algumas praias da ilha. Sem opções de atrativos sob a forma de produto turístico, o tempo de permanência do turista na cidade é pouco, ficando assim prejudicada toda a cadeia de produção turística. Traçar novos roteiros torna-se imprescindível para um destino que tem pretensões de transforma-se em um cenário competitivo dentro do mercado turístico brasileiro, sem que necessariamente o cotidiano da comunidade do destino seja alterado de maneira não participativa. Este trabalho objetiva analisar a percepção da comunidade sobre as transformações nas áreas turísticas da ilha de São Luís, identificando novas possibilidades de incremento da oferta do turismo na perspectiva de contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico local.
MÉTODOS
Este trabalho é um estudo de caráter qualitativo, que foi realizado em duas etapas: a) pesquisa bibliográfica e documental, e b) pesquisa de campo, a qual foi dividida em duas fases. Baseado nas considerações de Dencker (2003) quanto aos processos de investigação em turismo, durante o período abrangido pelo relatório realizou-se pesquisa bibliográfica e exploratória acerca dos seguintes temas: patrimônio cultural, identidade, turismo, roteirização turística e desenvolvimento local, por meio da consulta em livros, artigos científicos, sítios da internet e nos acervos documentais das instituições relacionadas ao turismo nas esferas municipal e estadual. Nesse período houve a preparação dos instrumentos e a coleta de dados com aplicação de 100 questionários junto à comunidade local. Ainda na fase exploratória, em campo, entre os procedimentos e instrumentos de coleta de dados, utilizou-se uma técnica muito valorizada nas pesquisas qualitativas: a observação dos elementos formadores do universo turístico-cultural em São Luís, com base no norte teórico adotado nesta pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados das pesquisas apontaram que 79% da população de São Luís não conhecem nenhum roteiro turístico na cidade, mas que dos citados anteriormente, 75% gostariam de participar de um roteiro. De acordo com os dados coletados, 59% dos entrevistados acreditam que o turismo não causa nenhum tipo de dano sobre a comunidade. E 98% dos entrevistados veem na presença do turista algo positivo para cidade, no entanto, 99% não conhecem nenhuma ação desenvolvida para o turismo, por consequente, apenas 10% disseram que gostariam de atuar no setor turístico, principalmente por falta de envolvimento da comunidade no setor. Tratando-se do incremento da oferta turística, para os entrevistados os lugares que teriam maior potencial dentro da cidade para fazer parte de um roteiro turístico seriam: as praias (31%), o Centro Histórico (15%), museus (8%), casas de artesanato (8%), sedes de bumba-meu-boi (7%), barracas de comidas típicas do bairro da Praia Grande (4%), igrejas (4%), e sítios históricos (3%). No entanto, para a realização de um roteiro, a comunidade considera importante o transporte, apontado por 30% dos entrevistados, 28% tem a segurança como requisito principal, 21% citou a limpeza e higiene do local e 7% considera o acesso como condição mais importante dentro de um roteiro.
CONCLUSÕES
A partir do exposto, pode-se concluir que a maioria da população da cidade de São Luís não tem percepção sobre os benefícios gerados pelo turismo, haja vista disso, apenas uma pequena porcentagem tem interesse em trabalhar na atividade turística, até por não ter ciência dos benefícios que a atividade gera. Mas, percebe-se que a comunidade tem conhecimento sobre lugares que teriam condições de fazer parte da oferta turística, no entanto, a falta de estruturação e desenvolvimento do turismo parece um grande percalço para o envolvimento da comunidade junto à atividade. Para haver esse envolvimento é preciso considerar os anseios das comunidades autóctones, para que essas não se sintam prejudicadas pela atividade turística e sim possam vê-la como uma nova oportunidade de geração de renda, alcançada através de um turismo realizado de maneira sustentável, utilizando de forma consciente os espaços que possam ser aproveitados pela atividade turística, principalmente aqueles que a população tenha algum sentimento de identidade.
Instituição de Fomento: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - PIBIC – UFMATrabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave: Turismo, Roteiros turísticos, Identidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário